Por: Rodrigo Igrejas Filgueiras

Com o progresso social e tecnológico, a atualização das leis se faz indispensável para refletir as mudanças na sociedade. Dentro desse contexto, a reforma do Código Civil Brasileiro de 2002 está em discussão, visando adaptá-lo à realidade atual brasileira.

Por isso, é importante que os profissionais da área também se mantenham atualizados a respeito do andamento de todas essas questões, atuando de acordo com os últimos progressos, conforme o que for determinado.

Quer entender melhor sobre as nuances que fazem parte das atuais mudanças de legislação de nosso país? Continue a leitura!

A responsabilidade civil na sociedade

No final do século XIX, juristas franceses, inconformados com a quantidade de novas situações oriundas da revolução industrial, nas quais não havia um responsável punível pelo dano por legislação da época, defenderam a retomada da responsabilidade objetiva. Eles argumentavam que os causadores de danos deveriam ser obrigados a ressarcir as vítimas independentemente de culpa, de modo a evitar situações em que as vítimas não fossem indenizadas. 

No fim do século XX, juristas brasileiros, igualmente insatisfeitos, começaram a pressionar as autoridades para o reconhecimento da legalidade do casamento homoafetivo, lutando contra a proibição legal dessa união e exigindo que o Estado reconhecesse esses casamentos. 

Agora, em meados do século XXI, uma comissão foi convocada para discutir o Código Civil de 2002 e debater as alterações necessárias em diversos pontos, refletindo as contínuas demandas por justiça e reconhecimento de direitos ao longo dos séculos.

Essa comissão possui um objetivo: garantir que o Código Civil reflita a sociedade atual brasileira. Afinal, o direito não pode ser estático.

O papel da responsabilidade civil na era digital

A responsabilidade civil é um instituto que requer atenção especial na reforma do Código Civil Brasileiro, especialmente porque a rápida evolução das relações sociais e comerciais, impulsionada pela tecnologia, criou novas situações que precisam ser regulamentadas.

É certo dizer que a era digital facilitou o comércio eletrônico e a prestação de serviços online, ampliando o alcance das transações comerciais. No entanto, essa mesma facilidade aumenta os desafios relacionados à responsabilidade civil, especialmente quando há vícios e defeitos nos produtos ou serviços oferecidos.

Com a ascensão dos influencers, por exemplo, e da sua capacidade de intermediar decisões de consumo, surge a necessidade de definir claramente quem é responsável por eventuais danos causados por produtos ou serviços divulgados de maneira inadequada. Nesse cenário, a legislação atual muitas vezes não aborda de forma direta essas situações, deixando lacunas que podem prejudicar tanto consumidores quanto fornecedores.

A reforma do Código Civil Brasileiro também deve abordar questões como a proteção de dados pessoais e a responsabilidade por danos decorrentes de violações de segurança cibernética. Diante do aumento das ameaças digitais, é essencial que a legislação brasileira ofereça um arcabouço robusto para responsabilizar os agentes que negligenciam a proteção das informações pessoais dos cidadãos.

Esses são apenas alguns dos desafios recentes relacionados à responsabilidade civil. Mas vale lembrar que eles também representam oportunidades para promover a justiça e fortalecer a proteção dos consumidores, buscando sempre o equilíbrio entre proteção do consumidor e cuidado para não criar uma responsabilização automática dos prestadores de serviços/vendedores de produtos.

As reformas legislativas podem estabelecer diretrizes mais claras, garantindo que todos os envolvidos nas transações comerciais sejam responsabilizados adequadamente. Ao mesmo tempo, essas mudanças podem incentivar a inovação e o crescimento econômico, ao criar um ambiente mais seguro e justo para todos os participantes do mercado digital.

A responsabilidade civil além das relações digitais

Além das relações digitais, quase todas as áreas sociais devem estar refletidas em uma nova legislação, sendo o Direito de Família uma das que mais merece destaque na reforma do Código Civil Brasileiro. 

Os juristas estão trabalhando para eliminar dispositivos arcaicos que perpetuam desigualdades de gênero nos papéis parentais. O que faz da equiparação de gênero fundamental para refletir as mudanças sociais e promover a igualdade.

A partir dessa percepção, a atualização das leis do Direito de Família visa refletir a realidade atual das famílias brasileiras. Os avanços podem ser notados, por exemplo, com movimentos para reconhecer e equiparar os direitos parentais entre homens e mulheres.

Hoje, a luta pela igualdade de gênero no contexto familiar visa, por exemplo, eliminar preconceitos arraigados e promover decisões baseadas no melhor interesse das crianças, independentemente do sexo dos pais. Isso inclui revisões nos critérios de guarda compartilhada e na definição de responsabilidades parentais, para refletir uma abordagem mais equitativa e justa para todos os envolvidos.

No entanto, os desafios persistem. A resistência a mudanças profundas por parte de alguns setores da sociedade e a interpretação conservadora de dispositivos legais podem retardar o progresso rumo à igualdade plena.

A importância da atualização das leis e reforma do Código Civil Brasileiro

Obviamente, os exemplos trazidos aqui não são os únicos que necessitam de reforma, mas foram citados para demonstrar que as alterações sociais e tecnológicas das últimas décadas fizeram com que alguns dispositivos tenham se tornado obsoletos, não mais se justificando na atualidade.

Com isso, a reforma do Código Civil é uma ação vital para garantir que a legislação brasileira acompanhe o progresso. As propostas realizadas buscam refletir a sociedade atual, promovendo justiça e respondendo às novas questões que surgem com a evolução social.

Se implementadas, os novos dispositivos podem ajudar a criar um ambiente jurídico mais robusto, e que suporte o desenvolvimento contínuo da sociedade brasileira. 

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